Educação e Tecnologia

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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Cultura das Convergências Transmidiáticas – “de uma idéia narrativa a mídia midiática”

A Comunicação Social passou por uma considerável mudança nos últimos anos, mudanças em que a sociedade inevitavelmente está inserida na busca do consumir mais e encontrar sua identidade . Agora, a informação pode circular de forma intensa por diferentes canais, o que não era possível a bem pouco tempo atrás, assim os sistemas midiáticos além de serem mais interessantes são administrados na maioria das vezes pelos próprios usuários. Cria-se um fluxo devedor da participação ativa dos consumidores, que elege a inteligência coletiva como nascente de seu potencial. Na atualidade, os conteúdos de novas e velhas mídias se tornam híbridos, reconfigurando a relação entre as tecnologias, indústria, mercados, gêneros e públicos. Ocorre um cruzamento entre mídias alternativas e de massa que é assistido por múltiplos suportes, caracterizando a era da convergência midiática. E no meio de todo esse processo “pertubador”, encontra-se os internautas antenados a todo o tipo de mudança. É interessante percebermos que não só os meios de comunicação modificaram, mas nós também modificamos nossos pensamentos e nossa forma de encarar todo esse processo de mudança.

A leitura do capítulo 3 do livro Cultura da Convergência, Henry Jenkins, indicada pelo professor Ricardo Souza esta semana, propõe um conceito para definir as transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais percebidas no cenário contemporâneo dos meios de comunicação que atingi cada cidadão neste planeta e nos faz refletir como se move toda essa engrenagem a que estamos expostos sem nos darmos conta e nossa relação com eles. Jenkins, baseando-se em três concepções: convergência midiática – nova forma de consumo, entendida como uma nova fonte de poder, inteligência coletiva – caracteriza o comportamento do consumidor midiático cada vez mais ativo em um espaço cheio de regras complexas e a cultura participativa – que é a perpectiva culturalista deste novo consumidor.

Jenkins, percebe que o entretenimento é o eixo central das culturas midiáticas e do consumo excessivo articulados com os cenários urbanos que lhes asseguram uma experiência mais rica em termos de entretenimento. Dessa forma você interpreta o “produto”, por exemplo uma série de Tv, e com suas práticas culturais, mas o “produto” lido e interpretado já vem pleno de uma reinterpretação do que está inserido na lógica cultural vigente. Para exemplificar o modelo de narrativa transmidiática, Jenkins utiliza-se da trilogia Matrix, que exige um maior envolvimento do público para entender o universo ficcional complexo do filme, que para acompanhar a história em sua plenitude, é preciso interagir com o conteúdo espalhado em diversos tipos de canais e mídias. No ponto de vista do autor as narrativas transmidiáticas, asseguram uma experiência mais rica em termos de entretenimento, fato que concordo plenamente.



Veremos que as redes sociais virtuais, as mídias móveis, os downloads de conteúdo e a comunicação ubíqua experimentados nos centros urbanos são elementos essenciais. Seguindo a mesma linha de raciocínio de Jenkins, tomemos como partido a produção cinematográfica Transformers: Revenge of the Fallen (EUA 2009, dir. Michel Bay), que se enquadra perfeitamente no exemplo de narrativa transmidiática.
O filme Transformers: Revenge of the Fallen, pois possui muitos desdobramentos, com conteúdos ampliados para diversas plataformas midiáticas. Exibido no Brasil com o subtítulo: a vingança dos derrotados, o filme é um longa metragem lançado mundialmente em 23 de junho de 2009, continuação direta da produção Transformers, lançada em 2007.


Devemos entender estes filmes como desdobramentos resultantes de um produto lançado na década de 1980 nos Estados Unidos. Exatamente no ano de 1984, a empresa fabricante de brinquedos Hasbro, juntamente com a editora Marvel, lança uma série de quadrinhos juntamente com um desenho animado feito para televisão, denominado Transformers.


A série de desenhos animados para TV obteve excelentes resultados e em pouco tempo (1986) foi lançado o longa-metragem de animação Transformers: The Movie. A história de Transformers trata de robôs oriundos de um planeta alienígena chamado Cybertron. Estes seres possuem a habilidade de se transformarem em carros, naves, aviões, animais mecânicos, etc. Com o fim de seu planeta de origem, os Transformers viajam até a Terra onde se dividem em dois grupos: os Autobots (que são os heróis) e os Decepticons (os vilões).

Nas bancas de jornal dos Estados Unidos eram lançadas periodicamente revistas em quadrinhos dos Transformers . Estas edições chegaram a ser lançadas no Brasil na mesma época, mas apenas por um curto período de tempo. Na TV a série atingia seu ápice e os brinquedos fabricados pela empresa Hasbro logo se transformaram em sucesso de vendas.


Transformers: Revenge of the Fallen, tem como receita base para o sucesso o fato de não permacer preso a tela do cinema mas o que extrapola para fora das telas, tornando-se um exemplo emblemático de narrativa transmidiática. Sendo assim, é possível acompanhar os desdobramentos desta narrativa “para além” do próprio filme. Uma legião de fãs garantiu um status de diferenciação ao produto e transformou a análise e a experimentação do conteúdo dos episódios em um ritual que se assemelha aos grandes cultos religiosos . Essa mesma legião de fãs também garantiu que o filme lucrasse no seu fim de semana de estréia a soma de 200 milhões de dólares só nos Estados Unidos.

Poderíamos exemplificar a narrativa transmidiática com inúmeras outras séries de sucesso de Hollywood como, Heroes, Star Wars, Lost.



Com a convergência de meios de comunicação que encontramos hoje, nossas experiências de entretenimento podem ser muito envolventes. É possível assistir a um filme e depois procurar na internet arenas para discutir o que acabamos de ver na tela do cinema.
A possibilidade de expandir a experiência de entretenimento para diversos meios – do cinema, passando pela internet e chegando ao celular, por exemplo – propicia aos indivíduos deixarem de ser meros telespectadores, internautas ou leitores para se transformarem naquele cidadão que vai muito além do contexto de uma obra enquanto co-autor, pois não só a re-significa quando a consome, mas interage com a mesma sendo que em alguns casos consegue até mesmo alterar seu conteúdo . Este receptor-emissor lê os discursos e, tendo como base seu referencial de conteúdos e experiências, baseado em seu repertório e na sua própria identidade, dialoga com aquela realidade, expressa sua subjetividade, insere-se em grupos sociais moldados a partir dessas experiências de consumo cultural.

4 Comentários:

Blogger Juliana Castro disse...

Oi Rosilene,

Gostei muito do seu texto, muito bem fundamentado e exemplificado. Achei muito interessante você nomear de "pertubador" o processo da convergencia midiática, porque é exatamente isso que provoca em quem não está acostumado com tanta informação e interatividade, mas num segundo momento, em se se está totalmente imerso nesse mundo, não consegui mais se desvincular, concorda?

Gostei muito da caracterização que faz do Tranformers, muito bom mesmo, não havia pensado neles, e é mais uma obra inserida nesse mundo convergente.

Parabéns,
Abraço

8 de dezembro de 2009 às 11:24  
Blogger Genaro disse...

Olá, Rosilene.

Achei muito bacana o seu texto. Compartilho com você a idéia de que o processo da convergência midiática é "perturbador" pois somos às vezes reféns das inovações que a tecnologia nos porpõe. Contudo isso é realmente necessário, pois já não vivemos como os nossos pais e avós e a nossa forma de ver e encarar o presente nos remete às expectativas de como será o futuro. As produções cinematográfica nos dão a idéia exata disso e Jenkins suporta bem essa idéia.

Parabéns pelas argumentações.

Genaro.

9 de dezembro de 2009 às 14:12  
Blogger Marcus Valadares disse...

Olá Rosilene, tudo bem?
Seu texto ficou bem apresentado, com exemplos e frames bem ilustrativos. Você conseguiu fazer um bom apanhado do texto do Jenkins. Só senti falta de um exemplo mais concreto em que os fruidores de fato produzem, como os vídeos mostrados pelo professor.
abraço,
Marcus

9 de dezembro de 2009 às 16:27  
Blogger MRP disse...

Rosilene,
O seu texto ficou ótima é justamente para os visitantes que não sabem o que estamos estudando e para os que estão estudando conosco compreender melhor, numa linguagem simples e acessível.
Parabéns!!!
Mônica R. Palhanos.

9 de dezembro de 2009 às 17:06  

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